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julho 16, 2024

O que podemos esperar do mercado agrícola no segundo semestre de 2024?

De: Yara Brasil
Pessoa com caixa de legumes e verduras em meio à plantação
Pessoa com caixa de legumes e verduras em meio à plantação

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O agronegócio brasileiro enfrenta grandes desafios e oportunidades no segundo semestre de 2024. O setor vive expectativas mistas, moldadas por uma combinação de fatores econômicos, climáticos e políticos, caracterizados pela volatilidade. Ainda assim, espera-se certa estabilidade, apesar dos obstáculos enfrentados pelos produtores rurais em várias regiões do país. As expectativas para este período envolvem uma análise detalhada dos principais cultivos, como soja, milho, café e laranja, bem como uma avaliação do mercado de fertilizantes, que enfrenta pressões devido a diversos fatores sejam eles, externos ou internos. Saiba mais sobre as tendências de mercado para os principais cultivos e como isso impacta a compra de insumos para a produtividade agrícola.

Soja e Milho

A produção de soja e milho, pilares do agronegócio brasileiro, tem apresentado variações significativas devido a fatores climáticos e de mercado. Segundo dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), no primeiro semestre de 2024, o Brasil exportou 66,25 milhões de toneladas de soja, uma alta de 1,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em contraste, as exportações de milho caíram para 5,93 milhões de toneladas, uma redução drástica comparada às 9,5 milhões de toneladas exportadas no mesmo período de 2023. A quebra na safra de milho é atribuída a problemas climáticos, como a seca em Mato Grosso e as enchentes no Rio Grande do Sul, que impactaram negativamente a produção. Por outro lado, o cenário tende a melhorar nos próximos meses, com safras mais robustas esperadas para o segundo semestre.

Para a soja, a definição da área a ser cultivada ainda está incerta, pois estamos a 80 dias do início da janela de semeadura. No entanto, a demanda global por soja brasileira permanece alta, impulsionada pelo mercado chinês, que continua sendo o maior importador. A atividade no mercado está ainda mais intensa devido aos temores de tarifas mais altas sobre o grão dos EUA, caso Trump vença as eleições. Isso será positivo para o produtor de soja brasileiro, uma vez que a China buscará alternativas para importação.

A produção brasileira de soja, entre março e junho de 2024, foi estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) entre 146,5 e 147,7 milhões de toneladas. A chegada do La Niña, com chuvas acima da média nas regiões Norte e Nordeste, e chuvas abaixo da média no Centro-Oeste e Sul, a partir de julho, deve favorecer boas produtividades. No entanto, ainda é difícil mensurar os impactos na temperatura e nas chuvas. No último ano de La Niña, foram colhidas 154 milhões de toneladas.

No caso do milho, a volatilidade dos preços internacionais e os custos crescentes de insumos, como fertilizantes, podem impactar a rentabilidade dos produtores. Para o segundo semestre, segundo dados da Anec, as previsões indicam que o Brasil deve exportar 4,4 milhões de toneladas de milho em julho, significativamente abaixo das 5,9 milhões de toneladas exportadas no mesmo mês do ano anterior. Este declínio é preocupante, especialmente com a Argentina se preparando para aumentar suas exportações de milho para a China, potencialmente competindo diretamente com o Brasil.

A colheita brasileira do milho 2ª safra atingiu 48%, 27 pontos percentuais acima da média das últimas 5 safras, devido ao bom calendário de plantio nas regiões produtoras. Contudo, o clima seco em outras regiões resultou em redução da produtividade, com plantas menores e mais suscetíveis ao tombamento. Isso tem levado os produtores a acelerar a colheita para evitar mais perdas. Ainda há redução nas projeções de área para a safra 24/25, a nova área estimada é de 4,59 milhões de hectares, 2,9% menor que a safra anterior.

Como se pode notar, ambos os grãos podem ser afetados por problemas climáticos. Deste modo, a gestão eficiente da irrigação e o uso de tecnologias de precisão são essenciais para mitigar os impactos climáticos adversos. Além disso, o produtor rural deve investir em um programa nutricional de alta eficiência, capaz de aumentar a produtividade e a rentabilidade, tornando a lavoura mais resiliente aos estresses ambientais. Exemplos disso são o MaisMays e o SuperSoja, ambos desenvolvidos pela Yara.

Café

A produção de café para o segundo semestre de 2024 contará com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para o financiamento da cafeicultura no Ano Safra 2024/25. O montante total aprovado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de R$ 6,88 bilhões, destinados a diferentes linhas de crédito para apoiar o setor cafeeiro. Isso pode ser considerado um fator positivo, uma vez que os produtores enfrentam desafios relacionados às mudanças climáticas devido às secas persistentes, que afetam a qualidade e a produtividade e aumentam a volatilidade do mercado. Nesse sentido, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de cultivares mais resistentes a pragas e condições climáticas adversas, assim como a adubação eficiente dos cafezais, são cruciais para o futuro do setor.

Na Alta Mogiana, por exemplo, a colheita foi antecipada devido às altas temperaturas, e espera-se uma safra mais curta e de menor qualidade. No sul de Minas Gerais, a cooperativa Cooxupé relatou que a colheita está avançada, com uma expectativa de receber pouco mais de cinco milhões de sacas de cooperados, um aumento de 7% em relação ao ciclo anterior. No entanto, a qualidade dos grãos tem sido afetada pelo clima, resultando em grãos menores e menos densos.

Além disso, a demanda global teve um ajuste negativo para 2023/24, mas deve se recuperar em 2024/25. Apesar da expectativa de recuperação na produção, o mercado deve permanecer volátil, com oscilações até que haja definições mais claras sobre a oferta.

Cana-de-Açúcar

No segundo semestre de 2024, a safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil enfrenta desafios devido ao clima seco e à colheita de canas mais jovens. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a primeira estimativa para a safra 2024/25 indica uma redução de 3,8% em relação ao ciclo anterior. A redução das chuvas, associada a temperaturas mais elevadas na Região Centro-Sul, são os principais fatores de atenção e vêm causando perdas na produtividade. A qualidade da matéria-prima também foi afetada, com menor concentração de açúcares recuperáveis (ATR).

Apesar disso, houve um aumento de 11,80% na produção de açúcar acumulada na safra, e a fabricação de etanol manteve-se estável, com um avanço significativo na produção a partir de milho. As vendas de etanol cresceram 22,51% em maio, destacando a resiliência do setor diante das condições adversas.

Citros

A laranja está entre as frutas preferidas do mundo. Nacionalmente, é a mais consumida depois da banana. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de suco simples (pasteurizado) e concentrado congelado, o que dá à laranja o maior valor de produção no agronegócio da fruticultura do país. De cada dez copos de suco de laranja consumidos no mundo, oito são brasileiros, de acordo com a Embrapa.

Contudo, a produção de laranja no Brasil está em queda. A estimativa para a safra 2024/25 é de uma redução de 24%, passando de 315 milhões para 232,38 milhões de caixas. Esse declínio é atribuído a condições climáticas adversas e à disseminação da doença Greening, que forçou muitos produtores a mudarem para outras culturas, como a cana-de-açúcar. O impacto dessa queda na produção já está sendo sentido nos preços, com a fruta destinada à moagem atingindo R$ 85 por caixa de 40,8 kg no Estado de São Paulo, um recorde desde 1994.

Outras culturas

No segundo semestre de 2024, o mercado de hortifrutis deve continuar beneficiado por uma oferta controlada e preços firmes, proporcionando rentabilidade positiva para os produtores. A estabilidade nos cultivos e a cautela na expansão das áreas de plantio ajudam a manter essa tendência. Especificamente para o tomate, espera-se que o cenário de oferta controlada e preços estáveis permaneça, assim como para a cebola. A previsão de um clima favorável devido ao fenômeno La Niña também sugere uma boa produtividade para a safra sulista de 2024/25, contribuindo para uma maior oferta.

Mesmo com os desafios climáticos, a produção de arroz deve surpreender. Segundo dados divulgados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), na safra 2023/2024 foram semeados 900.203 hectares de arroz irrigado, sendo colhidos 851.664,22 hectares, correspondendo a 94,61% da área semeada, com uma média de produtividade de 8.410,21 quilos por hectare.

No segundo semestre de 2024, as expectativas para o mercado de trigo no Brasil misturam otimismo e cautela. Dados da Conab apontam que, embora a área plantada tenha diminuído em 11,4%, a produtividade pode aumentar significativamente, atingindo 2.945 quilos por hectare, o que levaria a uma produção total de 9,065 milhões de toneladas, um aumento de 12% em relação ao ano anterior. No entanto, a estabilidade dos preços, juntamente com as incertezas climáticas e o possível retorno do fenômeno La Niña, que pode impactar negativamente a produtividade no sul do país, exige que os produtores e comerciantes de trigo mantenham um monitoramento constante das condições climáticas e do mercado.

Já para o algodão, o Brasil se tornou, pela primeira vez, o maior fornecedor do mundo, conforme anunciado no plano Safra 24/25. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), as exportações brasileiras, no período de agosto de 2023 a julho de 2024, devem alcançar cerca de 2,70 milhões de toneladas de algodão beneficiado (pluma), deixando os Estados Unidos em segundo lugar, com um volume aproximado de 2,57 milhões de toneladas. Levantamento do andamento da safra, realizado pela Conab, aponta que a colheita teve avanço significativo, com 6,9% de toda a área plantada no Brasil para a safra 23/24 já colhida. A produtividade permanece em 123,9@ de pluma por hectare, 4,4% menor que a safra anterior, afetada pelas questões climáticas no semestre anterior.

Mercado de Fertilizantes

O mercado de fertilizantes é um componente vital para a produtividade agrícola no Brasil. O início do ano foi positivo para o setor, que alcançou estabilidade e conseguiu manter os patamares do ano passado. O volume de entregas fechou o primeiro trimestre em leve alta, apesar de um recuo de 14,7% em março, para 2,09 milhões de toneladas, segundo dados da Anda.

No segundo semestre de 2024, o mercado de fertilizantes no Brasil está marcado por um aumento significativo nos preços, particularmente dos fosfatados, que registram altas constantes nas últimas semanas. Este aumento é atribuído ao ritmo lento das compras, com os agricultores adquirindo apenas 70% dos insumos necessários, além da menor disponibilidade de fósforo no mercado brasileiro. A valorização do dólar também está pressionando os preços, enquanto a demanda concentrada pode causar gargalos logísticos nos portos, aumentando os custos e complicando a entrega dos fertilizantes no high season.

Os custos dos fertilizantes têm sido uma preocupação constante para os produtores brasileiros. A dependência de importações de fertilizantes, especialmente de potássio e fósforo, torna o mercado vulnerável a flutuações internacionais de preços e à disponibilidade. As tensões geopolíticas e os problemas logísticos globais podem continuar a afetar a cadeia de suprimentos, pressionando os preços para cima.

A decisão de muitos produtores de segurar as compras de insumos na expectativa de preços mais favoráveis resultou em um efeito de represamento, que agora enfrenta um cenário de alta contínua de preços.

O frete marítimo, por exemplo, teve um aumento significativo, que combinado com a valorização do dólar, tem um impacto direto nos preços dos insumos agrícolas. Isso deve favorecer os produtores que já realizaram as compras e aqueles que já estão em fase avançada da produção, já que a alta do dólar pode impactar positivamente no preço de venda da produção.

O sucesso do agronegócio brasileiro em 2024 dependerá da capacidade dos produtores de se adaptarem às mudanças climáticas, adotarem tecnologias inovadoras e práticas sustentáveis, e aproveitarem as oportunidades de mercado. Com a combinação certa de gestão eficiente, planejamento e inovação, o Brasil pode continuar a fortalecer sua posição como líder global no agronegócio, contribuindo para a segurança alimentar mundial e a sustentabilidade ambiental.

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