Dia da Mulher Rural: O poder feminino no agronegócio e no desenvolvimento da agricultura brasileira
A data celebra a crescente participação feminina no agronegócio, destacando o protagonismo das mulheres na produção de alimentos, inovação tecnológica e gestão sustentável das propriedades rurais.
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Celebrado em 15 de outubro, o Dia da Mulher Rural tem ganhado cada vez mais importância no Brasil. Essa data é um marco para refletir sobre o papel fundamental das mulheres na produção de alimentos, na preservação ambiental e no desenvolvimento do agronegócio. Tradicionalmente, o setor agrícola foi visto como um ambiente predominantemente masculino, mas esse cenário tem mudado. Nos últimos anos, a participação feminina no campo tem crescido de forma significativa, tanto na gestão de propriedades quanto em áreas técnicas, como a agronomia.
Dados recentes mostram essa mudança. De acordo com o Censo Agropecuário, realizado pelo IBGE, cerca de 20% dos estabelecimentos rurais no Brasil são dirigidos por mulheres, um aumento considerável em relação às últimas décadas. Além disso, estudos do SEBRAE mostram que, nas últimas décadas, a presença feminina no setor cresceu 38%, refletindo a importância dessas profissionais para o desenvolvimento sustentável do campo.
No agro em geral, a liderança feminina também se destaca. Mulheres têm assumido posições estratégicas e contribuído para o avanço de tecnologias e práticas mais sustentáveis, incluindo a preservação de recursos naturais e a implementação de soluções inovadoras. Além disso, sua sensibilidade e capacidade de gestão têm sido apontadas como fatores cruciais na manutenção da qualidade de vida no campo, tanto para as famílias rurais quanto para as comunidades.
Por tudo isso, a participação feminina na produção de alimentos é uma das chaves para garantir a segurança alimentar no Brasil. No contexto global, estima-se que as mulheres representam cerca de 43% da força de trabalho agrícola, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). No Brasil, esse número é igualmente expressivo, e o papel das mulheres na produção de alimentos vai além do simples manejo da terra. Elas atuam na gestão de negócios agrícolas, na inovação tecnológica e no uso de práticas mais sustentáveis para garantir a eficiência produtiva.
A formação técnica das mulheres no agronegócio também tem apresentado avanços notáveis. As áreas de agronomia, zootecnia e engenharia agrícola têm visto um aumento expressivo da presença feminina. De acordo com dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), o número de mulheres na agronomia cresceu 46% entre 2010 e 2020. Esse crescimento reflete uma tendência global e nacional de maior inserção feminina nas ciências agrárias.
Sendo assim, fica evidente que a presença de mulheres na agronomia é essencial para o desenvolvimento de novas tecnologias e técnicas agrícolas que atendam às demandas contemporâneas de sustentabilidade e eficiência. Elas trazem uma nova perspectiva para a inovação no campo, contribuindo para o desenvolvimento de soluções que integram produtividade e preservação ambiental.
Para falar sobre isso e outros temas importantes que envolvem a mulher no agronegócio, conversamos com Maria Eugênia Neto, Especialista de Desenvolvimento de Mercado da Yara Brasil. Ela comenta sobre o cenário atual, suas experiências no setor e sobre o futuro feminino da produção de alimentos.
Para começar, conte um pouco da sua história e sua trajetória dentro do agro.
Maria Neto - Sou natural de Santa Catarina e desde sempre a agricultura foi parte de quem sou. Começou com o meu avô, seguindo até os dias atuais, onde meu pai e meu tio tocam os negócios da família no ramo de cebola, então cresci no meio rural, em uma cidade pequena no interior de Santa Catarina. Logo, minha infância foi sempre no meio da roça de cebola e o contato com a terra sempre fez parte do meu dia a dia. No entanto, mesmo sendo criada nesse meio rural, alguns olhares sobre as minhas escolhas causam estranhamento nas pessoas. Mas o importante é o incentivo da minha família. Meu pai sempre diz: “Criei minha filha pro mundo e onde ela for ou o que ela quiser fazer, terá meu apoio”. Então, fui cursar agronomia em Lages e trabalhei em algumas empresas até ingressar na Yara, há 3 anos. De lá para cá já passei por diversas e regiões e aprendi demais, sempre buscando estudar muito.
Qual a importância de celebrar o Dia da Mulher Rural, especialmente no contexto atual do agronegócio brasileiro?
Maria Neto - Comemorar essa data é fundamental, pois destaca a participação das mulheres no desenvolvimento do agronegócio e na produção de alimentos. Atualmente, muitas propriedades já são gerenciadas por mulheres. O mercado do agro tem mudado rapidamente e se adaptado para acolher mais e mais mulheres na condução das áreas cultivadas. As mulheres estão trazendo inovação, tecnologia e sustentabilidade para o campo, melhorando processos e atingindo resultados excepcionais na lavoura. Por tudo isso, essa é uma data para celebrar as conquistas femininas e marcar a necessidade de incluir cada vez mais as mulheres no setor. Isso mostra uma mudança significativa no cenário rural, onde a mulher não apenas participa, mas também lidera processos produtivos.
Como você enxerga a evolução da participação das mulheres no campo nos últimos anos e quais são os principais desafios que elas ainda enfrentam?
Maria Neto - Nos últimos anos, a participação feminina no campo cresceu significativamente. E não falo só do campo, mas em todas as áreas, como faculdades de agronomia, institutos de pesquisa e empresas do setor. Desde que me formei, já tenho visto uma enorme mudança dentro dos cursos de agronomia, onde as mulheres já representam cerca de 50% dos alunos. O mesmo vale para a área de pesquisa científica, onde temos grandes mulheres pesquisadoras, que possuem um trabalho de destaque para a agricultura brasileira. Exemplo disso é a Maria da Conceição, da Embrapa, que possui uma pesquisa incrível sobre fontes de nitrogênio para a sustentabilidade, e que colabora com a Yara. Sem contar as muitas mulheres que estão no dia a dia do campo, seja cultivando a terra ou realizando um excelente trabalho em empresas como a Yara. Essa evolução é reflexo de políticas de incentivo, capacitação técnica e a crescente valorização de práticas sustentáveis nas quais as mulheres têm um papel de destaque. Claro que ainda existem desafios por conta de barreiras culturais que precisam ser superadas para garantir maior equidade no setor. Muitas regiões ainda possuem preconceito quando o assunto é a mulher no campo, mas acredito que estamos no caminho certo. A força feminina e a qualificação profissional estão garantindo mais e mais abertura para todas nós. Estamos acostumadas a lutar por nossos espaços e nada vai nos parar. A mudança já começou e estou bastante empolgada com ela!
Você vê essa mudança no dia a dia?
Maria Neto - Sim! As mulheres não têm mais medo de ir ao campo. Elas estão enfrentando os desafios e apoiando umas as outras. Recentemente, vi mais de 250 mulheres atuando na fronteira Oeste da Bahia, uma região afastada e bastante difícil de trabalhar. Como elas fazem isso? Formando uma rede de apoio. Elas saem juntas, criam grupos de discussão, se apoiam em questões como moradia e aprendizado e se fortalecem no cotidiano. Outro ponto que vem mudando muito é o trabalho com as lideranças. As lideranças estão sendo preparadas para acolher, apoiar e promover mulheres. Inclusive, vejo líderes femininas inspiradores, como é o caso da Monique Marques, minha gerente. Ela possui uma delicadeza, um cuidado e uma escuta que tornam o dia a dia mais produtivo para todo o time. Isso faz toda a diferença.
Como você enxerga iniciativas da Yara Brasil para apoiar e incentivar a atuação feminina no setor agrícola?
Maria Neto - Para mim, como engenheira agrônoma, é uma enorme conquista trabalhar na Yara. Eu me sinto realizada, pois a Yara é uma empresa que me traz um propósito incrível, que é cultivar um futuro alimentar positivo para a natureza. Isso está completamente alinhado com aquilo que eu defendo e acredito. Indo além, a cultura organizacional aqui é diariamente trabalhada para acolher e impulsionar as mulheres, por meio de treinamentos, palestras e o apoio das lideranças. O projeto Women in Agronomy, criado pela Yara, é incrível e me ajudou muito a me adaptar durante as mudanças na minha carreira. Tive a oportunidade de ter mentorias com profissionais maravilhosos, que me ajudaram a superar desafios e desenvolver habilidades. Isso tudo ajuda a trabalhar questões culturais que fortalecem as mulheres, oferecendo um ambiente de trabalho seguro para que possamos nos desenvolver. Sem contar a vital participação da minha gestora, que é uma mulher e que sempre me apoia, pronta a ouvir e capacitar o time para atingir excelentes resultados. Isso faz da Yara uma empresa modelo no tema de diversidade e equidade dentro do agronegócio, um ideal a ser seguido por todo o mercado. Aos poucos, acredito que estamos influenciando uma mudança positiva em todo o setor.
Como a diversidade e a inclusão de mulheres no agronegócio contribuem para a inovação, a melhoria de processos e a sustentabilidade nas práticas agrícolas?
Maria Neto - Diversidade e inclusão são catalisadores de inovação. Justamente por conta dos obstáculos que enfrentam na carreira, as mulheres se esforçam mais para entregar bons resultados. Elas são mais engajadas, organizadas, estudiosas e creio que estão mais abertas ao novo. Elas não têm tanto medo de errar. Inclusive, hoje, as mulheres estão tomando seu lugar no campo, justamente por conta dessas qualidades. Já existem muitos produtores rurais que preferem contratar mulheres, especialmente para tarefas mais minuciosas, como prevenção e controle de pragas. Segundo eles, elas são mais caprichosas e atentas aos detalhes do que os homens. Essa capacidade de empatia, de lidar com modos diferentes de pensar e essa enorme adaptabilidade tornam as mulheres um ativo valioso para a inovação nas organizações. Conviver com experiências e variadas visões de mundo é a chave para destravar a criatividade.
Você tem algum caso de sucesso de mulheres à frente de propriedades rurais que queira compartilhar?
Maria Neto - Tenho alguns, mas tem um que me marcou muito. Quando eu atuava com produção de leite, conheci uma propriedade que era gerenciada pelo pai, que adoeceu. Então, a filha, que cursava farmácia na época, voltou para a casa e assumiu as rédeas do negócio. Atuamos com ela para uma série de melhorias de gestão da propriedade e eu assisti de perto o empenho e a dedicação dela em aprender e fazer as coisas darem certo, mesmo em um momento tão delicado. Ela queria saber mais, aprender, estava aberta para melhorar as coisas, mesmo que isso significasse, às vezes, contrariar o pai. O resultado do esforço dela chegou, pois conseguimos dobrar a produtividade de leite em um ano e chegamos a um ganho de rentabilidade de 150%. Tudo isso, com o manejo certo e uma boa dose de persistência, claro. Hoje ela gerencia a propriedade e deixou de lado a farmácia, veja só!
De acordo com sua experiência, como você enxerga o futuro feminino no agronegócio e o que há de mais empolgante no setor para os próximos anos?
Maria Neto - Vejo um futuro bastante promissor. As tendências para as mulheres nos próximos anos incluem maior participação em processos de tomada de decisão, adoção de tecnologias digitais no campo e liderança em práticas sustentáveis. A agricultura de precisão, por exemplo, oferece uma oportunidade para que as mulheres estejam à frente de operações mais eficientes e tecnológicas. Outro tema vital é a agricultura regenerativa, um dos pilares da Yara. Empregar práticas agrícolas mais sustentáveis, capazes de entregar maiores produtividades e rentabilidades ao mesmo tempo em que cuidamos da natureza é a principal necessidade do agro. Com as iminentes mudanças climáticas, é hora de acelerar a mudança, usando tecnologia, nutrição equilibrada e práticas responsáveis para tornar a agricultura mais forte e sustentável. É isso que me move a trabalhar na Yara, poder entregar soluções agrícolas de alta eficiência, capazes de fazer a diferença na vida das pessoas e do campo. As mulheres já são parte dessa mudança, estão ampliando sua atuação e eu tenho orgulho de ser uma delas.
Você tem um conselho final para todas as mulheres que fortalecem o agro ou que estão iniciando nesse setor?
Maria Neto - Nunca deixe de ser mulher, siga sendo você. Seja autêntica, dinâmica e use sua inteligência para fazer seu caminho. Coloque o coração em tudo o que faz. O agro é sobre estudar muito, pesquisar coisas novas e ajudar pessoas. Isso é algo que deveria ser melhor comunicado para as pessoas, para que elas entendam a enorme importância do agronegócio para o mundo e a segurança alimentar. Desejo, verdadeiramente, que cada mulher que esteja no agro use todo seu talento e força para apoiar essa transformação por um mundo melhor. Nós podemos tudo!
No Dia da Mulher Rural, é essencial refletir sobre as conquistas e os desafios enfrentados pelas mulheres no agronegócio. Maria Neto é um exemplo de como a participação feminina tem se mostrado cada vez mais relevante, não apenas na produção de alimentos, mas também no desenvolvimento de novas tecnologias e na gestão sustentável das propriedades rurais. A Yara segue comprometida em promover a inclusão e a capacitação dessas profissionais, garantindo que a diversidade seja um pilar de sustentação para o futuro do agronegócio brasileiro. Registramos aqui nosso muito obrigado a todas as mulheres que nos impulsionam na ambição de cultivar um futuro alimentar positivo para a natureza.
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